O baterista Fergal Lawler concede uma breve entrevista para o site
ABC Cultura. Na entrevista o baterista conta como foi receber a noticia da morte da vocalista e também sobre o processo de gravação do último álbum da banda chamado "In The End".
Você participou do processo de gravação e composição de voz que Dolores deixou?
(Fergal) - Não, a maioria ela compôs e gravou durante a sua estadia em Nova York, e após o cancelamento da turnê Something Else. Ela ficava entediada quando não fazia nada, então começou a compor, compor e compor como sempre fez. Eu tinha tudo em um disco rígido, e o plano era se encontrar começar a ouvir e ensaiar. Ela estava muito animada com a idéia de fazer um novo álbum.
Quando você ouviu as demos?
(Fergal) - Duas semanas após a morte da Dolores. Quando ouvimos dissemos: Meus Deus! Já temos material para um álbum inteiro! Então perguntamos a sua família se seria bom terminar. Eles concordaram e gostariam de ver o trabalho terminado, e que seria o melhor tributo que poderíamos lhe dar, por isso começamos a trabalhar com todo entusiasmo do mundo.
Eu imagino que após aquela euforia inicial, deve ter sido difícil gravar com os vocais da Dolores.
(Fergal) - Especialmente no primeiro dia, foi muito difícil começar. A certa altura nos entreolhamos e dissemos: " Como vamos fazer isso?" Depois de algum tempo lidando com nossos demônios , percebemos que tudo que precisávamos era trabalhar como Dolores teria feito, doando mil por cento. Pouco a pouco começamos a nos concentrar e fazer as melhores músicas que pudemos.
O álbum é sobre superar o passado, e lidar com o presente?
(Fergal) - Sim, de acordo. Nos últimos dois anos de sua vida, Dolores lutava arduamente para superar seus probelmas mentais, queria viver o momento, seguir em frente e ser uma pessoa mais forte. Ao mesmo tempo, e isso é algo pessoal, essas músicas me lembram muito do espírito do nosso primeiro álbum.
Ela também fala de solidão. Foi fácil estar em turnê com ela?
(Fergal) - Ela tinha momentos que sentia muita falta de sua casa. A vida de músico não foi fácil para ela e para nós. É um jeito muito estranho de viver.
Foi difícil ler tantas especulações sobre sua morte na imprensa?
(Fergal) - Eu não li as notícias, para ser honesto. Eu conhecia a sua realidade. Sabia que tinha sido um acidente. A verdade é que, quando saiu o resultado do laudo eu fiquei aliviado. Eu sempre soube que não foi proposital.
Você se lembra do momento em que recebeu a notícia?
(Fergal) - Lembro-me quando me disseram eu sofri um choque enorme. Levei muito tempo pra sair deste estado, e até hoje há momentos que não consigo acreditar. Ás vezes eu dirijo e vejo um caminho pra caminhar, e me vejo andando com ela. Ela adorava andar.
Ah... isso ainda me deixa estranho, muito estranho.
A pergunta que todo fã vai perguntar é: Haverá performance desse disco algum dia?
(Fergal) - Já falamos sobre isso, porque a verdade é que muitas pessoas nos disseram que gostariam de ouvir como soaria. Mas não há a menor possibilidade de considerarmos continuar sem Dolores. Antes de morrer, concordamos que se algum desistisse, o grupo se dissolveria porque nada seria o mesmo. Nós nunca faríamos algo como o Queen fez, por exemplo. Encontrar substituto (a) para Dolores seria total falta de respeito por ela, e por nós mesmos. E os fãs do The Cranberries nunca nos perdoariam.
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