Manifestantes empunharam bandeiras do Reino Unido e da União Europeia durante "Linger"
Hoje, 28 de abril, data de lançamento do novo álbum "Something Else", a banda The Cranberries se apresentou no programa "The One" da rede britânica BBC, na capital inglesa. Durante a performance do megahit "Linger", porém, um fato chamou a atenção. Logo que a banda foi anunciada e começou a tocar, manifestantes contra a saída do Reino Unido da União Europeia, chamada de Brexit, abreviação das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída), começaram a se aglomerar nos fundos do palco, atrás da banda, empunhando bandeiras da União Europeia. Outros manifestantes, a favor do processo, também tomaram postos com a bandeira do Reino Unido e, de acordo com a imprensa local, um pequeno tumulto foi formado.
Apresentação da banda no programa "The One" da BBC de Londres
Dolores canta sob pequeno protesto de manifestantes a favor e contra o Brexit
A pequena manifestação não chegou a atrapalhar a apresentação da banda, contudo, teve grande repercussão na mídia europeia devido à grande tensão vivida pelo continente, onde a população está dividida sobre os reais benefícios, para ambos os lados, da saída do Reino Unido do bloco europeu.
Manifestantes empunhando bandeiras do Reino Unido e União Europeia durante apresentação da banda
A Irlanda, terra natal do quarteto, se tornou independente do Reino Unido em 1916, após anos de uma batalha sangrenta contra a mãe Inglaterra. Nesse mesmo ano, a guerra entre os dois países culminou na Revolta da Páscoa, uma tentativa por parte de militantes republicanos irlandeses para ganhar a independência em relação ao Reino Unido e que deixou como saldo milhares de irlandeses mortos. Esse evento, por exemplo, é referido na letra de "Zombie", escrita por Dolores em 1994: "it's the same old theme since 1916" (é o mesmo velho assunto desde 1916) Hoje, o país é visto como um exemplo de superação e se mostra fortemente alinhado aos ideais econômicos e sociais da União Europeia.
Manifestantes empunhando bandeiras da União Europeia durante apresentação do quarteto de cordas junto da banda
28 de abril de 2017 é uma data marcante para os brasileiros, não somente ao que tange nos acontecimentos políticos do país como a greve geral que está ocorrendo, mas aos fãs do The Cranberries em especial: álbum novo muito comentado e aguardado, com venda disponível em diversas plataformas como Itunes, Amazon e claro, na loja oficial da banda, onde poderá comprar o CD e também em Vinil. O álbum faz releituras de sucessos em versões acústicas, com participação da Irish Chamber Orchestra, mas também traz três canções inéditas: "Why", "Rupture" e "The Glory". Em entrevista à BBC esta manhã (Horário de Brasília), Dolores confirmou que, após a turnê norte-americana, a banda virá à América do Sul - mencionando Brasil, Argentina e Chile - com apresentações não-acústicas, assim como serão nos EUA. Confira a entrevista com a banda no link (início aos 16m 50s e menção sobre turnê na América do Sul aos 18m 40s) http://www.bbc.co.uk/programmes/b08n3jzr
O álbum pode ser adquirido através do site oficial da banda:
“São
experiências que fazem você pensar: ‘Meu
Deus, eu tive muita sorte!”.
Em mais duas entrevistas – dessa vez para os
portais norte-americanos “Artist Direct Interviews” e “SongFacts” - Dolores O’Riordan
conversou sobre o processo criativo por trás de “Something Else”, a emoção de
algumas letras do The Cranberries, o processo criativo da banda e ainda revelou
as sensações antes de sair em turnê.
No “Artist Direct Interviews”, a cantora justificou
a inclusão de três músicas novas no álbum: “Porque
quando foram escritas, e eu acho que são boas faixas, vi que seria importante
mostrar essas músicas; fazê-las serem ouvidas. Como já estávamos trabalhando
nas músicas antigas, vimos que [as três músicas] caberiam no álbum”.
Já sobre a parceria com o quarteto de
cordas, O’Riordan destacou como os instrumentos trouxeram novas sensações à cada
canção: “[...] um quarteto de cordas é
muito bonito, sim, mas também muito triste. Um violoncelo é um instrumento muito
triste, ressoa solidão. [Com a regravação das músicas] achamos que colocar o quarteto nessas faixas seria melhor do que ter
apenas os teclados.”, relevou.
Uma das partas mais interessantes da
entrevista é quando foi perguntada sobre os momentos marcantes de todos esses
anos na estrada e se havia alguma lembrança mais impactante, aquela guardada
com carinho. Dolores recordou apresentações antigas, a emoção de cantar com seus
ídolos e o quê todas essas oportunidades trouxeram para a sua vida:
“[...] Há
muitos eventos no meio musical que me fazem ter essas lembranças. [...] Woodstock em 1994 foi um grande show, um
momento incrível e nunca vou esquecer daquela multidão gigantesca e de como
tivemos que pegar um helicóptero para passar pelas pessoas, pois havia muita gente.”
“Também
destaco o “Pavarotti and Friends” [...] Eu
era a única mulher lá e havia o Michael Bolton, o Bono, The Edge [...] fiz duetos com Simon Le Bon (Duran Duran)
e com Pavarotti. [...] e lembro da Princesa Diana no show e de como
foi maravilhoso falar com ela. [...] São
experiências que fazem você pensar: ‘Meu Deus, eu tive sorte!”.
E prosseguiu:
“O Nobel
da Paz de 1998, quando John Hume and David Trimble ganharam
o prêmio [pelo tratado de paz na Irlanda do Norte]. [...] também lembro que os prêmios da MTV foram
muito divertidos. [..] quando
ganhamos por "Zombie" e Bjork nos deu o prêmio e ela veio no palco...
Quero dizer, quem não ama Bjork?! É sempre ótimo quando encontramos outros
artistas.”
“[...] Abrimos
para o R.E.M e conseguimos sair com o Michael Stipe – eu nunca esquecerei desse
momento. [...] teve também quando
abrimos nove shows para o The Rolling Stones e o AC/DC e foi ótimo conhecer
todos esses artistas, mesmo que fosse apenas para dizer um ‘Olá, como você está”?
[...] São essas coisas que se destacam
quando você olha para trás.”, concluiu.
No “SongFacts” – portal de música destino
a analisar as letras das canções junto aos seus compositores – Dolores revelou
curiosidades como o fato do conceito de se pintar de dourado no clipe de “Zombie”
ter sido ideia sua, o modo como o seu processo de composição normalmente tem
início com o refrão e fez breves comentários sobre algumas músicas do The
Cranberries - novas e clássicas:
“The
Glory”
“[...] é sobre
você estar em uma situação difícil, precisando de ajuda e decide estender a
mão. É meio triste, mas ainda assim positiva [...]”
“Linger”
“[...]
acima de tudo uma canção de amor. [...]
um amor não correspondido [...]”
“Dreams”
“Eu a escrevi na época do meu primeiro amor,
quando eu ainda morava na Irlanda [...]”
“Ode
To My Family”
“[...] escrevi quando eu estava pela primeira vez na América, com o The
Cranberries. Eu estava longe da minha família e dos meus amigos e me sentia
muito sozinha, então a escrevi.”
“Rupture”
“É sobre depressão; sobre se sentir mal.
[...] sobre como o mundo funciona
baseado, no fim das contas, apenas em dinheiro [...]”
“Ridiculous
Thoughts”
“[...] lembro
de me sentir um pouco como um objeto nessa época. O sucesso foi muito grande e
havia muitas expectativas e pressão de todos os lados. [...] Eu estava sob muita pressão quando a escrevi
[...]”
“Roses”
“Meu pai estava muito doente e morrendo,
então foi fácil escrevê-la. [...] às
vezes, quando você está muito triste, fica mais fácil de escrever. [...]”
“When
You’re Gone”
“[...] Eu gosto muito dessa música. Foi escrita na época que o meu avô morreu,
mas depois, durante as turnês, o sentimento mudou e passei a pensar muito nos
meus filhos e também no meu pai.”
Ao finalizar, quando questionada sobre
qual a melhor e a pior parte da carreira, a vocalista foi taxativa:
“Minha
parte favorita é realmente quando você vai para o palco e tudo parece ótimo, você
tem um grande desempenho e recebe boas vibrações da multidão. Isso é o melhor.
Quando estou no palco tudo é ótimo, eu esqueço das coisas. Todas as minhas
preocupações somem e é a melhor das sensações. E, em seguida, a parte que eu não
gosto sobre isso [...] é o fato de
que você fica nervoso o dia todo quando
é dia de show e mais ainda antes de entrar no palco. [...] os nervos ficam à flor da pele, mas, em
seguida, a recompensa é grande.”, explicou.
“Something Else” chega às lojas no dia 28
de abril pelo selo BMG.
Com novos CD e turnê, expectativa é de alta das receitas do grupo
irlandês.
Segundo matéria do jornal Limerick Leader,
a empresa irlandesa Helter Limited - uma das encarregadas de gerenciar o
patrimônio da banda - registrou um lucro de € 1,010,187 referente ao final de
junho de 2015, quando o The Cranberries estava em turnê pela Europa, Ásia e
América para divulgar o álbum “Roses”.
Com o lançamento de “Something Else” e o
início da turnê pela Europa – com prováveis datas nos Estados Unidos no fim do
ano – a expectativa é de ascensão para as receitas da banda. Em 2008, a empresa
(que é responsável apenas pelas economias referentes às performances ao vivo)
teve perdas que chegaram a €1,7 milhões, retomando as boas contas apenas em
2014, quando a banda alcançou €954,623 de lucro.
Em meados de 2013 Dolores O’Riordan moveu
um processo contra Noel Hogan por motivos nunca revelados. Boatos sobre uma
disputa pelos ativos da banda ganharam a mídia, mas, em 2015, após o The
Cranberries assinar uma parceria com a Warner/Chappell Music UK Publishing
referente aos direitos de distribuição dos quatro primeiros álbuns do grupo, o
processo foi retirado.
À época, Hogan falou ao jornal The Irish
Times que “os altos e baixos da banda ficaram para trás”.
"Quando
eu e Dolores conseguimos nos sentar em uma mesa, frente a frente, e conversamos
sobre as coisas, foi como se as questões nunca tivessem acontecido. Nós
seguimos adiante, temos um relacionamento muito parecido de irmão e irmã. Agora,
Dolores e eu nos falamos praticamente todos os dias e nossa amizade está mais
saudável do que nunca.", disse o guitarrista.
Além
da Helter Limited, outras empresas envolvidas com os ativos do The Cranberries também
registraram lucro nos últimos anos.
Site Consequence
of Sound enaltece o trabalho de re-editar os clássicos e trazer para os fãs
algo além de uma simples compilação.
(RESUMO) “Something Else” é um tipo peculiar de compilação de sucessos. Por
um lado, o CD reúne de modo cuidadoso as músicas mais populares da banda
irlandesa, escolhidas de modo a celebrar os 25 anos de lançamento do seu
primeiro single, em 1992, “Dreams”.
Mas “Something Else” não é uma aposta
mercenária para arrecadar dinheiro ou cumprir um contrato com a gravadora. Além
de apresentar três novas canções, todas as músicas antigas foram regravadas acusticamente
em 2016 e ainda contaram com o acompanhamento de cordas (da Irish Chamber Orchestra). “Something Else” é uma tentativa de uma
banda veterana de celebrar seu legado.
“[...] Nenhum dos hits foram rearranjados
de modo brusco – o que é um alívio para os fãs mais ardorosos da banda. As
cordas e a ausência de guitarras tornam o som diferente, sim, mas não tanto
quanto você pode imaginar. [...]”
“[...] Em “Zombie” as cordas e o violão acústico oferecem um tom mais sombrio,
soturno e aflitivo como nunca antes. Esse clima enaltece a reflexão sobre os
problemas da Irlanda, duas décadas atrás. [...]”
“[...] Algumas músicas, contudo, perdem um
pouco da aura original, cheia do lúdico e dos sonhos. Em “Animal Instinct”, por exemplo, a voz menos elástica de Dolores (e o
tom sugerido pelas cordas) tiram um pouco da energia da canção. [...]”
“Nesta época de nostalgia – muito voltada
para o rock - alguns cínicos podem até questionar se este projeto do The Cranberries
seria mesmo necessário. “Precisamos mesmo de novas versões para velhas canções?”
Em primeiro lugar, é difícil dizer sem considerar a predisposição da pessoa
para gostar da banda. Alguns ouvintes irão preferir o The Cranberries do seu
auge de 1990, enquanto os intrépidos irão, sem dúvida, alegrar-se de ver o
grupo em ação novamente - e com novos materiais para apresentar. Se você está
preso nesse meio, você é, como O'Riordan diria, “...livre para decidir por si
mesmo”.
"Something Else" chega às lojas no próximo dia 28 de abril.
“[...] os jovens mais loucos a saírem da Irlanda desde os Kennedy’s
[...]”.
No dia 06 de abril de 1996
chegava às rádios o primeiro single do álbum “To The Faithful Departed”, terceiro
trabalho do The Cranberries. Hit instantâneo, “Salvation” marcou as primeiras
audições por apresentar ao público um som mais pesado do que o dos trabalhos anteriores da banda.
Com uma letra sobre o uso de
drogas, perda da inocência e a importância de se manter livre do abuso de substâncias,
a canção alcançou o topo das paradas musicais em diversos países, com destaque
para o primeiro lugar nos Estados Unidos durante quatro semanas seguidas, 5º na
Itália, 7º na Nova Zelândia e 8º na Austrália e na Irlanda.
O clipe de “Salvation”, dirigido pelo francês Oliver Dahan, traz a representação das drogas através da figura de um palhaço que atrai os jovens para um mundo colorido e cheio de diversão - mas que também os leva à beira de um abismo. Eletrizante e cheio de efeitos, a produção atraiu a atenção da mídia, que também apontou tais qualidades nas apresentações ao vivo da música. Um exemplo foi durante o MTV Music Awards de 1996 (concorrendo na categoria de "Melhor Direção de Arte"), quando a banda foi apresentada pela atriz americana Janeane Garofalo como “[...] os jovens mais loucos a saírem da Irlanda desde os Kennedy’s [...]”. Confira abaixo:
Até hoje, “Salvation” é figura
presente em praticamente todos os show da banda, empolgando multidões e sem
perder o vigor do seu refrão: “Salvation, Salvation, Salvation is free!”. Relembre o clipe:
Lançado há 23 anos, o clipe da
música “Zombie” ultrapassou no início deste mês de abril a barreira de 500
milhões de visualizações no canal oficial da banda no YouTube. Os números
revelam que, diferente do pensamento de certos críticos, a música do The
Cranberries continua relevante e ainda ressoa atualidades – sem contar o fato
de conseguir atingir novos públicos.
Escrita em 1993 por Dolores
O’Riordan e produzida por Stephen Street, a canção traz em sua letra um
protesto contra as ações do IRA (Exército Republicano Irlandês / Irish Republican Army, em inglês), grupo
paramilitar que visava separar a Irlanda do Norte do Reino Unido e
reanexar o território à República da Irlanda.
Um dos principais motivadores para a música/clipe foi a morte de dois garotos, Jonathan Ball e Tim Parry, durante
um ataque à bomba do IRA na cidade de Warrington, Chesshire, Inglaterra, no dia
20 de março de 1993. Além de vitimar os jovens Tim e Jonathan (respectivamente com 12 e 03
anos de idade), o ataque ainda deixou 54 feridos.
O clipe de “Zombie” traz uma
mescla entre cenas de crianças brincando de guerra enquanto soldados patrulham
as ruas, a banda tocando em um galpão e - na parte mais lembrada por muitos - Dolores
pintada de dourado e rodeada por querubins em frente a uma cruz.
Filmado em Belfast, capital da
Irlanda do Norte, e dirigido por Samuel Bayer, o clipe está na lista dos 250
mais vistos do YouTube. Outros clipes da banda também atingem números
expressivos, como “Linger” com pouco mais de 111 milhões de visualizações,
“Dreams” 72 milhões, “Ode To My Family” 50 milhões e “When You’re Gone” com 39
milhões.
Relembre abaixo o clássico clipe...
... e também uma das marcantes apresentações ao vivo de “Zombie” em 2000 no "Festival Des Vieilles Charrues" na França.
Com a proximidade do lançamento
de “Something Else” no dia 28 de abril, Dolores e Noel estão em Nova York,
Estados Unidos em uma maratona de entrevistas para divulgação do novo trabalho.
A primeira parada da dupla foi um
encontro com a jornalista, editora e crítica musical Rachel Brodsky para a
revista “Paste Magazine”:
Em seguida, os dois participaram
do programa “Tell Me Everything with John Fugelsang” com os apresentadores
Frank Conniff Jr., Melissa Stokoski e o host John Fugelsang, e também do programa
“VOLUME”, ambos do canal de rádio via satélite “SiriusXM”:
Outras entrevistas devem
acontecer nos próximos dias e (torcemos!) apresentações em algum programa de
rádio ou de TV.
Há quinze anos, no dia 02 de
abril de 2002, os fãs do The Cranberries ganhavam a oportunidade de ter em mãos
o “Treasure Box: The Complete Sessions 1991-1999”. Trazendo os quatro primeiros
álbuns do quarteto de Limerick, a produção se diferencia por conter os b-sides
de cada CD e também músicas lançadas em parcerias com outros artistas.
Além dos hits “Linger”, “Zombie”,
“Ode To My Family”, “Dreams”, “Free To Decide”, “Salvation” e “Animal Instinct”,
o box conta com peculiaridades como “Liar”, “So Cold In ireland” e “I Don’t
Need”, versões remixes oficiais de “Pretty”, “How” e “Zombie”, covers do The
Carpenters (“Close To You”) e do Fleetwood Mac’s (“Go Your Own Way”), a
gravação ao vivo de “Ave Maria” com Luciano Pavarotti durante o show “Pavarotti
& Friends for the Children od Bosnia” em 1995 e ainda “God Be With You”,
parceria de Dolores com o compositor norte-americano James Horner para a trilha
sonora do filme “The Devil’s Own” (“Inimigo Íntimo”, no Brasil).
Apesar de não contemplar os
primeiros EP’s da banda, com músicas raras como “Uncertain”, “Nothing Left It
All”, “False” e “Chrome Paint”, o “Treasure Box” teve uma boa recepção do
público e da crítica, que destacou o cuidado ao dar essa oportunidade para os
fãs terem o material dos quatro álbuns de forma completa.