sábado, 23 de março de 2019

Entrevista Noel Hogan - MARISKAL ROCK



Entrevista concedida pelo guitarrista Noel Hogan ao site espanhol mariskalrock.com, divulgada no dia 22/03. O repórter Pau Peñalver conversou com Noel que conta sobre o último álbum, e também sobre sua vida profissional após o lançamento de In The End. Na entrevista, Pau, conseguiu aprofundar um pouco mais nas perguntas, além de perguntar o que já é de praxe, Paul conseguiu extrair mais informações a respeito de algumas faixas e também da perspectiva de vida após o fim dos The Cranberries.

Pau Peñalver - Oi Noel como você está?

Noel Hogan - Estou bem, obrigado por perguntar!

Pau Peñalver - A gravação de "In The End" serviu como terapia?

Noel Hogan - Vendo agora como perspectiva e passagem de tempo, talvez sim. As sensações eram uma mistura de sentimentos que estavam mudando e, claro, não éramos os mesmos que surgimos no início do processo de gravação, o primeiro dia por exemplo, nem são comparáveis com a experiência do último dia.
Todas as manhãs colocávamos os fones de ouvido fazendo o nosso trabalho habitual, mais depois vem aquele momento de introspecção. Você ouve Dolores  e percebe que ela não está mais na mesma sala. O tempo para; mas depois você entra no seu papel e se concentra no seu trabalho. Nesse momento, você começa a perceber os detalhes e volta a trabalhar em equipe como antes e esquece que ela não está mais lá.
É diferente, quando você chega em casa e fica sozinho no seu quarto, tudo fica estranho. Você reflete sobre o dia no estúdio, mas sabe que à noite Dolores não irá ao estúdio, como de costume, para gravar suas partes (voz). No dia seguinte, tudo continua como você deixou. Você começa a internalizar a situação real e acaba se acostumando com o fato que o disco sairá se nós 3 trabalharmos juntos e constantemente.

Pau Peñalver - Quando vai terminar essa etapa? Entre a entrevista de promoção e o lançamento do álbum, ainda há um certo tempo.

Noel Hogan - Espero que daqui há alguns meses todo esse processo tenha terminando.Existem certos compromissos que devemos cumprir. Depois disso vamos considerar encerrado. Nós tivemos uma carreira de sucesso, estamos felizes com o resultado do nosso trabalho e como terminamos no nível musical como uma banda. Temos muitas razões nas quais estar orgulhosos  e saber que alcançamos tantas pessoas é a nossa maior recompensa.

Pau Peñalver - Quando "In The End" for lançado, a maioria dos jornalistas, e certamente os fãs, procurarão por duplos significados e mensagens ocultas. Você acha este álbum mais sombrio, ou é mais um álbum típico da banda?

Noel Hogan - Pra mim é típico, tem sido uma longa trajetória. Tenha em mente que comecei a compor esse disco há dois anos. Muitas coisas aconteceram em todo esse tempo... Por suposições, as pessoas encontrarão pistas aonde não há e darão sentidos a passagens onde não tem. Nenhum de nós pensou que seria nosso álbum de despedida e menos ainda que Dolores não estaria mais conosco. Para os quatro, não seria nossa despedida, mas outro álbum em nossa carreira.

Pau Peñalver - Se o mundo fosse perfeito e idílico, "In The End" seria seu terceiro lançamento e fecharia uma trilogia perfeita? Você acha o mesmo que eu?

Noel Hogan - A ideia principal desde que nos sentamos para compor foi soar como nos nossos dois primeiros álbuns. No início de nossas carreira escrevemos muitas músicas, e assim que nossa estréia saiu nós já tínhamos músicas para o segundo LP. Foi um palco mágico e tivemos sensações boas e muito poderosas. Em suma, queríamos reviver aqueles dias.

Pau Peñalver - Eu entendo que "Got It" foi enviada a você por Dolores um dia antes de sua morte. Nós diríamos que é um verdadeiro testamento do Cranberries.

Noel Hogan - As letras finais foram enviadas para mim no dia anterior, mas nós estávamos trabalhando nessa música há muito tempo. É uma música legal, mas não é das minhas favoritas.

Pau Peñalver - Então me diga quais são as suas músicas favoritas?

Noel Hogan - As músicas que mais gosto são "All Over Now" e também "In The End" que é muito emocional. Ambas as músicas resumem e são perfeitas para selar o fim do The Cranberries.

Pau Peñalver - "In The End" é uma das melhores músicas do álbum. Você acha que essa música resume perfeitamente a carreira dos 30 anos do The Cranberries?

Noel Hogan - Totalmente de acordo. Nós gravamos essa música no último dia das sessões. Nós a ouvimos em diferentes tomadas, lemos as letras e decidimos que seria o hino do álbum e que poderia ser uma música para nos lembrar para todo o sempre. Para nós três, que tocamos juntos desde o início, na escola, Isso também significa o fim. Então, isso tem muito significado para nós.

Pau Peñalver - "Summer Song" é a música escreveu para ela sem você estar envolvido. Por quê incluí-la neste álbum?

Noel Hogan - Dolores trabalhou com Dan Brodbeck no Canadá, e ela não sabia muito do mundo dos computadores e ela precisava sair de sua zona de conforto. Eu sei que ela trabalhou em Nova York com Olé Koretsky  (namorado e parceiro no DARK) e gravou as vozes com Dan, autor da edição da faixa. De qualquer forma seu desejo era incluir essa música em um CD do Cranberries e nós ignoramos em suas últimas vontades. Desde o começo ela mostrou vontade de incluí-la neste álbum.

Pau Peñalver - Há partes específicas dos vocais cantadas por Johanna Cranitch, tecladista e backing vocal em seus shows ao vivo. Sua inclusão foi necessária?

Noel Hogan - Houveram algumas faixas que necessitavam backing vocal e Johanna está conosco desde 2011 ou 2012. Ela começou com The Cranberries na turnê Roses. Dolores teria desejado assim em certas passagens. Se alguém pudesse preencher esse vazio, era ela. Sua ajuda foi inestimável.

Pau Peñalver - O que pode acontecer a partir de agora? Você vai fazer uma nova parceria com Johanna? Mike e Fergal tem planos para o futuro?

Noel Hogan - Agora terminamos nosso relacionamento profissional. O Cranberries vai se separar e cada um terá um caminho diferente. Nós conversamos sobre isso e é hora de virar a página e seguir em frente.O legado que deixamos é maravilhoso e não queremos mudá-lo, mas também não queremos manchá-lo.

Pau Peñalver - Desde a morte da Dolores, é difícil ouvir música como Linger?

Noel Hogan - Não. Eu a escutei com muita frequência no ano passado e isso nao envolve nenhum drama. Eu me acostumei a ouví-la. Também Dreams é uma daquelas músicas que sempre tocam em rádios ao redor do mundo. Por outro lado, há outras músicas neste álbum que eu acho difícil ouvir agora e tenho certeza que elas vão me fazer sentir pior nos próximos meses.

Pau Peñalver - Você seria gentil ao ponto de me dizer quais são?

Noel Hogan - Se você não se importar, prefiro não lhe contar.

Pau Peñalver - Como você suportou por três décadas alguém tão volátil e imprevisível quanto Dolores O'Riordan?

Noel Hogan - Ela é minha amiga, e é isso que nos faz amigos. Nos bons e ruins momentos ele sempre esteve ali. Ela teve todos os tipos de momentos. como qualquer ser humano, mas sua voz marcou uma geração e isso foi um presente para nós.

Pau Peñalver -Obrigado pela entrevista. Foi um sonho que se tornou realidade. Boa Sorte.

Noel Hogan - Muito Obrigado Pau. Adeus

Fonte:
https://mariskalrock.com/entrevistas/entrevista-the-cranberries-toca-pasar-pagina-seguir-hacia-delante/

http://cranberriesworld.com/2019/03/22/mariskalrock-com-entrevista-a-the-cranberries-toca-pasar-pagina-y-seguir-hacia-delante/

Nenhum comentário:

Postar um comentário