segunda-feira, 24 de abril de 2017

Dolores fala sobre processo criativo, expectativas para “Something Else” e relembra momentos marcantes da carreira

 “São experiências que fazem você pensar: ‘Meu Deus, eu tive muita sorte!”.


Em mais duas entrevistas – dessa vez para os portais norte-americanos “Artist Direct Interviews” e “SongFacts” - Dolores O’Riordan conversou sobre o processo criativo por trás de “Something Else”, a emoção de algumas letras do The Cranberries, o processo criativo da banda e ainda revelou as sensações antes de sair em turnê.

No “Artist Direct Interviews”, a cantora justificou a inclusão de três músicas novas no álbum: “Porque quando foram escritas, e eu acho que são boas faixas, vi que seria importante mostrar essas músicas; fazê-las serem ouvidas. Como já estávamos trabalhando nas músicas antigas, vimos que [as três músicas] caberiam no álbum”.

Já sobre a parceria com o quarteto de cordas, O’Riordan destacou como os instrumentos trouxeram novas sensações à cada canção: “[...] um quarteto de cordas é muito bonito, sim, mas também muito triste. Um violoncelo é um instrumento muito triste, ressoa solidão. [Com a regravação das músicas] achamos que colocar o quarteto nessas faixas seria melhor do que ter apenas os teclados.”, relevou.


Uma das partas mais interessantes da entrevista é quando foi perguntada sobre os momentos marcantes de todos esses anos na estrada e se havia alguma lembrança mais impactante, aquela guardada com carinho. Dolores recordou apresentações antigas, a emoção de cantar com seus ídolos e o quê todas essas oportunidades trouxeram para a sua vida:

“[...] Há muitos eventos no meio musical que me fazem ter essas lembranças. [...] Woodstock em 1994 foi um grande show, um momento incrível e nunca vou esquecer daquela multidão gigantesca e de como tivemos que pegar um helicóptero para passar pelas pessoas, pois havia muita gente.” 



Também destaco o “Pavarotti and Friends” [...] Eu era a única mulher lá e havia o Michael Bolton, o Bono, The Edge [...] fiz duetos com Simon Le Bon (Duran Duran) e com Pavarotti. [...] e lembro da Princesa Diana no show e de como foi maravilhoso falar com ela. [...] São experiências que fazem você pensar: ‘Meu Deus, eu tive sorte!”.


E prosseguiu:

O Nobel da Paz de 1998, quando John Hume and David Trimble ganharam o prêmio [pelo tratado de paz na Irlanda do Norte]. [...] também lembro que os prêmios da MTV foram muito divertidos. [..] quando ganhamos por "Zombie" e Bjork nos deu o prêmio e ela veio no palco... Quero dizer, quem não ama Bjork?! É sempre ótimo quando encontramos outros artistas.


“[...] Abrimos para o R.E.M e conseguimos sair com o Michael Stipe – eu nunca esquecerei desse momento. [...] teve também quando abrimos nove shows para o The Rolling Stones e o AC/DC e foi ótimo conhecer todos esses artistas, mesmo que fosse apenas para dizer um ‘Olá, como você está”? [...] São essas coisas que se destacam quando você olha para trás.”, concluiu.

No “SongFacts” – portal de música destino a analisar as letras das canções junto aos seus compositores – Dolores revelou curiosidades como o fato do conceito de se pintar de dourado no clipe de “Zombie” ter sido ideia sua, o modo como o seu processo de composição normalmente tem início com o refrão e fez breves comentários sobre algumas músicas do The Cranberries - novas e clássicas:

“The Glory”
“[...] é sobre você estar em uma situação difícil, precisando de ajuda e decide estender a mão. É meio triste, mas ainda assim positiva [...]”

“Linger”
“[...] acima de tudo uma canção de amor. [...] um amor não correspondido [...]”

“Dreams”
Eu a escrevi na época do meu primeiro amor, quando eu ainda morava na Irlanda [...]”

“Ode To My Family”
“[...] escrevi quando eu estava pela primeira vez na América, com o The Cranberries. Eu estava longe da minha família e dos meus amigos e me sentia muito sozinha, então a escrevi.

“Rupture”
É sobre depressão; sobre se sentir mal. [...] sobre como o mundo funciona baseado, no fim das contas, apenas em dinheiro [...]”

“Ridiculous Thoughts”
“[...] lembro de me sentir um pouco como um objeto nessa época. O sucesso foi muito grande e havia muitas expectativas e pressão de todos os lados. [...] Eu estava sob muita pressão quando a escrevi [...]”

“Roses”
Meu pai estava muito doente e morrendo, então foi fácil escrevê-la. [...] às vezes, quando você está muito triste, fica mais fácil de escrever. [...]”

“When You’re Gone”
“[...] Eu gosto muito dessa música. Foi escrita na época que o meu avô morreu, mas depois, durante as turnês, o sentimento mudou e passei a pensar muito nos meus filhos e também no meu pai.

Ao finalizar, quando questionada sobre qual a melhor e a pior parte da carreira, a vocalista foi taxativa:

Minha parte favorita é realmente quando você vai para o palco e tudo parece ótimo, você tem um grande desempenho e recebe boas vibrações da multidão. Isso é o melhor. Quando estou no palco tudo é ótimo, eu esqueço das coisas. Todas as minhas preocupações somem e é a melhor das sensações. E, em seguida, a parte que eu não gosto sobre isso [...] é o fato de que você fica  nervoso o dia todo quando é dia de show e mais ainda antes de entrar no palco. [...] os nervos ficam à flor da pele, mas, em seguida, a recompensa é grande.”, explicou.

“Something Else” chega às lojas no dia 28 de abril pelo selo BMG.

Nenhum comentário:

Postar um comentário